sábado, 2 de julho de 2016

Dois cálices que Cristo não queria beber



Dois cálices que Cristo não queria beber
"Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua". 
(Lc 22.42)

e lhe deram para beber vinho misturado com fel; mas, depois de prová-lo, recusou-se a beber. 
(Mt 27.34)



Os dois cálices que Cristo não quis beber.


  • O cálice do Getsêmani
O primeiro foi no Getsêmani. O Senhor Jesus pediu pra que o Pai, se possível fosse, afastasse aquele cálice. Veja a força dessa oração. O pedido não foi apenas de não beber. O Senhor pediu pra que o Pai afastasse o cálice. Afastar é mais intenso que não beber algo.
O Senhor Jesus sabia o que viria pela frente. Ele conhecia bem as profecias messiânicas do Salmo 22. Ali estava predito que o Messias bradaria Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? O Filho de Deus seria desamparado. Os nossos pecados e suas consequências pontuais cobrariam seu mais alto preço ali, pesando sobre os ombros do Cordeiro Santo. Nossos pecados provocaram sua condenação. A condenação é esta: o afastamento de Deus. Veja:
“Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” (Isaías 59:2).
O Filho foi desamparado pelo Pai. E o Senhor Jesus pediu, suando gotas de sangue, que se possível fosse, que o Pai afastasse esse cálice. É o cálice da comunhão com Deus.
A comunhão com Deus sendo chamada pelo Senhor Jesus de cálice é muito sugestiva. Cálices são usados em momentos muito especiais. São caros, finos, requintados, elegantes. Eles têm um toque de nobreza, e também são frágeis, devendo ser manuseados com cuidado. Olhando pra todas essas expressões adjetivas me lembro do nosso relacionamento com Deus. Que também deve ser visto como algo caro, e de fato, um preço muito alto foi pago pra isso. Relacionarmos com Deus também é algo honroso e nobre. A Bíblia está recheada de exemplos onde a figura do reino é a cena do nosso relacionamento com Deus. E também é frágil. E nós podemos ‘quebrar’ essa santa comunhão com Deus.
Cristo não queria beber o cálice para não ficar, nem por um minuto, distante de Deus. E como devemos valorizar nossos momentos de comunhão com o Senhor! Que não nos afastemos nem por um minuto de sua santa presença. O pedido foi feito. Mas, foi negado. O pedido foi acompanhado pela permanência da vontade do Pai. O cálice não foi afastado. Pelo contrário, foi aproximado. Penetrado nas pontas dos açoites, espinhos, cravos e ainda uma lança. O Filho experimentou a pior dor espiritual, o abandono do Pai. Ele bebeu o cálice. E o cálice foi afastado de nós. Não precisamos bebê-lo. Sejamos renovados com isso. Glorifiquemos o Cordeiro que bebeu esse amargo cálice em nosso lugar. Contemple o Senhor Jesus bebendo o cálice do Getsêmani e sinta-se mais próximo de Deus.

  • O cálice do calvário
Diferente do primeiro cálice, esse foi oferecido por homens. O Senhor Jesus, agora já crucificado, não aceitou beber dele.
A mistura de vinho com fel era oferecida aos soldados romanos para diminuir os sofrimentos de batalha. Era uma espécie de anestesia. Diminuía a dor física. Cristo não aceitou essa bebida. A dor física foi experimentada em todo o seu furor. Era a nossa dor. Não poderia ser anestesiada. Verdadeiramente Ele levou sobre si nossas dores!
Apesar de estar misturado, ali tinha o vinho. E o Senhor Jesus havia liberado uma misteriosa promessa de que não beberia o fruto da vide até estar conosco no Reino do Pai. Veja:
E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai (Mt 26.29).
Aqui há um forte princípio do nosso Senhor Jesus que penso ser de grande importância. Ele valoriza os momentos com seus discípulos. Se no primeiro cálice havia o distanciamento com Deus, no segundo há o distanciamento com as pessoas. Ele não provou para que comunhão entre os irmãos fosse fortalecida.
Veja que, mesmo na cruz, ele recusa o vinho. A promessa de beber do produto da vide na companhia dos irmãos falou mais alto. Estar junto com as pessoas amadas nos faz bem. É superior a dor. A possibilidade de estar junto com seus discípulos foi mais forte que a dor da cruz. A comunhão supera a dor. Oh, como devemos entender isso. Paulo entendeu bem isso.
Aos Coríntios ele disse “Deus porém consolou-nos com a chegada de Tito” (II Co 7.5,6). A Timóteo ele pede “procura vir ter comigo depressa” (2Tm 4.9) e ainda  “traga Marcos com você porque ele me é útil” (II Tm 4.11).

Veja meu querido, esse segundo cálice poderia ter aliviado a dor de Cristo, mas a promessa da comunhão com os irmãos falou mais alto. A comunhão dos irmãos consolava Paulo em seus momentos de dor. Creio que isso pode ser útil pra nós também. Oro a Deus, que a obra da Cruz, que também promove a comunhão entre os falhos santos do Senhor, seja revivida para alívio da dor. Pois, pessoas precisam de pessoas. Que o Senhor nos ensine isso.

Bp Erisvaldo Pinheiro Lima
Comunidade Evangélica Arca da Aliança
Mensagem ministrada em 01 de Julho de 2016
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